Não, não vou mudar de sexo, mas estou revoltada com a condição feminina, ou as mil e uma más ou terriveis condições femininas. A discrepancia entre os genres é tao brutal que me anda e bulir com os nervos, não fosse eu mulher.
Isto apenas em termos fisicos. Se falasse da parte sociocultural seria o maior post de sempre.
Ser mulher é uma chatice. Uma grande chatice. Deviamos ser mulher metade da nossa vida e homem a outra. Dividir o mal pelas aldeias.
Uma mulher é uma never ending story.
Estão sempre a acontecer fenómenos e encontros imediatos do terceiro grau nas nossas entranhas.
Começam na puberdade, quando caí uma avalanche de issues non stop.
Hormonas para cá, sangue para lá, enxaquecas, borbulhas, depilações, dores aqui, dores ali, variações de humor que nos tornam semi-loucas. Toda uma parafernália de acontecimentos que temos de aguentar como se nada fosse, com um sorriso nos lábios, enquanto os peitos inchados nos doem como o caraças.
Cada mês há novidades, é um blockbuster interior. Sempre em movimento.
Depois, eventualmente, vem a parte da gravidez e do parto. Meses de inchaços, azia, nauseas, vómitos, kilos e kilos a mais, ansias, angustias intermináveis.
Uma espécie de ressaca aguda que acaba com algumas horas de dor alucinante e um bébé aos gritos. Um verdadeiro milagre.
Do pós parto nem vou falar. É a fase mais primitiva que qualquer mulher pode passar. Não deveria ser vista por ninguém durante tres ou quatro meses.
A partir do momento em que jorra leite dos mamilos no duche, qual Fontana di Trevi, no comments.
No entanto tem que suportar visita atrás de visita, mais uma vez agindo simpáticamente, como se nada fosse, enquanto se sente uma vaca leiteira.
E tudo isto para mim foi até muito bonito (talvez duas décadas depois), e tenho saudades do dia em que a minha filha nasceu.
Depois dos vinte ou mais anos a criar os filhos, quando viria a parte boa, vem a menopausa. Claro. Só podia. Acaba se a fertilidade e em vez de poder dar umas quecas à vontadex, sem ter que ter merdas de aparelhos enfiados até ao tutano ou ter que tomar hormonas, ou ter sexo com látex, não, acaba-se a líbido.
Vontade zero! Great! Junta-se farinha, ovos e mais uns afrontamentos e sei lá mais o quê, porque ainda nao cheguei lá.
Basicamente temos tudo. Tudo o que é chato. Doloroso. Penoso a nível fisico e psicológico.
Ser homem é que é. É básico. É apenas existir.
Nascer, comer, crescer, jogar e ver a bola, comer, arranjar muitas miudas para ter sexo, ver a bola, eventualmente casar com a melhorzita que houver, ver a bola, comer, trabalhar, ver a bola, ter bastante sexo (com a mulher ou outras), comer, trabalhar mais um bocado, ver a bola, "ter" muitos filhos e morrer, provavelmente a ver a bola.
E, no entanto, estes senhores imberbes de cinquenta anos, que jogam futebol na praia até morrerem, governam o mundo.