Chicken Life

Ultimamente há uma frase estúpida que costumo ouvir, que me tem andado a martelar a cabeça,

"com a desgraça dos outros posso eu bem".

Ora aí está porque é que as pessoas passam um atestado de mediocridade a si próprias.

É que a frase deveria ser exactamente o contrário, o não aguento ver coisas que me revoltam e não fazer nada.

É que para mim o sentimento de impotência é avassalador.

Mas não. É muito melhor olhar só para o nosso umbigo e pensar, ai coitadinho de mim, tenho tantos problemas para resolver que não posso pensar em mais nada.

Eu não digo que as pessoas não se ralem com as suas merdas, porque é óbvio que toda a gente as tem.

Eu própria sou irrascível e passo-me até no transito.

Mas há momentos para tudo, e momentos de altruismo têm que fazer parte da nossa vida, mesmo que escassos, tipo ir à ginástica, não quero propriamente arrastar-me, vou-me cansar, vou ficar partida, mas vai-me fazer bem, por isso tem que ser.

A questão é que, uma sociedade só evolui quando se começa a agir para além daquilo que nos toca directamente.

É preciso olhar à volta e ver o que é que é preciso fazer, e depois fazê-lo e não esperar que o estado resolva todos os problemas, o que nunca irá acontecer.

E não é preciso ir a África para fazer alguma coisa, há milhares de coisas para fazer nesta espelunca, e é cá que vivemos, podemos não gostar, podemos nos queixar, mas é aqui, agora que está a cair a areia da ampulheta da nossa curta vida.

Querem morrer e deixar para trás um legado de vidinha estúpida e superficial?

É por isso que que as pessoas são neuróticas, porque não se projectam nos outros e ficam remetidas à sua triste existência num vazio sem fim.

Chega de ter vida de galinha, e chega de queixas sobre a ciática, que ainda por cima ninguém sabe nem quer saber o que é!